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Dependência Química


A dependência química ou física é uma condição orgânica que nasce da utilização constante de certas drogas psicoativas, as quais consequentemente provocam o aparecimento de sintomas que envolvem especialmente o Sistema Nervoso Central, o qual se torna dependente de uma dada substância, sofrendo assim os efeitos de uma abstinência repentina e prolongada. O uso abusivo do álcool, de drogas consideradas ilegais e da nicotina pode gerar esta reação corporal.
A dependência é distinta do vício, que leva o usuário ao consumo excessivo e compulsivo da droga, gerando uma conexão psíquica mais profunda, uma ligação patológica com as substâncias utilizadas. Mas a sujeição química também é uma enfermidade, que exige tratamento eficaz e muitas vezes urgente.
Pode-se reconhecer este quadro através da observação de diversos sintomas, entre eles a carência de ampliar a dose habitual para se conquistar repetidamente o efeito desejado; ansiedade, irritação, incapacidade de dormir normalmente ou tremedeira, sensações desencadeadas pela tentativa de se abster da droga; consumo cada vez maior ou por mais tempo do que a pessoa havia planejado; necessidade contínua de reduzir ou dominar a utilização da droga ou experiências frustradas neste sentido; amplo dispêndio temporal com tentativas de conquistar e ingerir as substâncias almejadas, ou com a cura de suas consequências; deixar de lado as antigas ocupações sociais e culturais em prol do uso da droga; consumo constante, sem controle, da química de que a pessoa se tornou dependente.
Infelizmente os casos de dependência química vêm crescendo velozmente, constituindo hoje uma das enfermidades psíquicas mais constantes. Apenas a ingestão de cocaína decresceu na última década, mas ao mesmo tempo o número de dependentes do crack tornou-se mais amplo, pois esta droga chega mais rapidamente e de forma mais impactante ao Sistema Nervoso Central. As consequências são também mais drásticas e a dependência mais séria e difícil de sanar.
Não é fácil tratar esta doença, pois as reincidências são altas, praticamente metade dos usuários tem uma recaída nos primeiros seis meses e 90% no primeiro ano. Porém, já que ela é classificada como uma enfermidade de natureza crônica, estes números são previsíveis e não indicam a impossibilidade do tratamento. O mais importante é o paciente se sentir estimulado para seguir adiante no processo de recuperação, mobilizar o poder da sua vontade. Ele deve estar preparado para enfrentar os inevitáveis sinais da abstinência, entre eles o aumento da frequência cardíaca e/ou da pressão arterial; suor excessivo; corpo trêmulo e, em estágios mais avançados, ele pode apresentar confusão mental, estados alucinatórios e convulsões.
O dependente será diagnosticado e tratado conforme a droga que ele estiver consumindo, mas normalmente é necessário administrar outro elemento químico ou medicamento, para suprir a retirada repentina da substância habitualmente ingerida. A eficácia de alguns remédios foi testada e demonstrada, assim já é possível alcançar bons resultados no tratamento da dependência do álcool e da nicotina; mas as outras drogas não encontraram ainda um adversário à altura da devastação provocada por elas no organismo humano.
A adoção da psicoterapia também é fundamental na recuperação do paciente. A linha que tem alcançado maiores resultados é a cognitivo-comportamental, que foca especialmente nos quadros de consumo e de abstinência das drogas, procurando despertar no dependente químico condições para que ele se previna de contextos que o levem a recair na ingestão de substâncias químicas que induzem à dependência. É importante igualmente recorrer ao auxílio de órgãos próprios para cada caso, como o Alcoólatras ou Narcóticos Anônimos, até mesmo para a orientação dos próprios familiares. Internar o paciente só é recomendado em contextos mais radicais, como a possibilidade da ocorrência de suicídios, estados de agressividade, psicose e total perda de controle no consumo da droga.

Em nenhum momento pode-se afirmar que o dependente está curado, pois ele sempre trará em si a potencial recaída, que só será evitada se o paciente se abstiver da droga pelo resto de sua existência. Há perspectivas de que, futuramente, a ciência desenvolva remédios mais apropriados para cada situação de dependência; vacinas contra o uso da cocaína e da nicotina têm sido testadas em cobaias humanas. É importante igualmente ter consciência de que alguns medicamentos, os quais só podem ser consumidos por orientação médica, também podem provocar dependência.

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